Fim de semana triste

Sábado fiquei sabendo que minha Mamãe Pleta morreu um dia depois do meu aniversário de três anos. O Toninho, que tomava conta dela no estacionamento, disse que acha que ela engoliu algum veneno. Meu pai ficou muito triste, falou que, se ele estivesse na hora, levava ao veterinário em vez de dar leite.

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Meu pai me botou na gaiola e me levou pra minha casa nova. Estou passeando na rua todo dia. Pena que choveu. Choro muito quando ele vai embora. Ele falou que vou acabar me acostumando.

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Ah, e ganhei uma bola nova também. Mas vou sentir falta de abraçar minha mamãe canina.

O Jaguar é munto legal

Ontem foi meu aniversário de três anos. Meu pai me deu uma comida deliciosa e me fez muito carinho.

Novidades

Sábado, meu pai chegou todo feliz, me dizendo que minha grade estava pronta. Depois, sumiu.
Domingo, minha gaiola chegou. Só entro lá se me derem um quilo de petiscos.
Passeei de carro. A tia não estava lá.
Será que o dia de hoje vai ser cheio?

Oh, vida...

Estou chateada com meu pai. Ele diz que vai me levar, mas nunca me leva. Pede que eu espere que o dia vai chegar. Só que a saudade dele aumenta a cada dia, ele nem vem dormir mais aqui...
Quando chega a noite, fico perto da janela esperando ele abrir o portão e vir me prender pra entrar em casa.

Tenho medo que as coisas voltem a ser como antes. Já perdi minha mãe, agora posso perder meu pai. Por que não fiquei na casa daquele moço que cuidou de mim quando eu estava machucada?

A Parábola do Carro Enguiçado

Meu pai hoje me contou uma história, que ele chamou de 'meio que por acaso, uma parábola':

Há dois meses, ele comprou um carro. Era uma coisa que, por alguns anos, achou que não precisava mais. Depois de um tempinho bem pequeno rodando pra lá e pra cá, o carro enguiçou, e meu pai teve que levá-lo à oficina.
Pois bem, o conserto está demorando muito, muito, muito. E meu pai, durante esse intervalo, vivia ligando para o mecânico apressando as coisas. Ora, afinal de contas, ele descobriu que precisa demais do carro, é um bem essencial para ele conseguir viver do jeito que deve.
Agora, ele parou. Resolveu esperar até que o mecânico devolva. Não adianta nada o carro vir parecendo perfeito, meu pai ter de novo o prazer de dirigi-lo, e, depois de um tempinho, o defeito aparecer, ele voltar para a oficina e ficar encostado lá pra sempre.

Meu pai escreveu isso pra minha mãe hoje

"Sinto falta do teu cheiro. Às vezes ele vem nas minhas narinas. Estranho.
É desconcertante a saudade da tua boca, tua pele, teu corpo, teu toque, teus movimentos.
Não sei quem dorme, se sou eu ou se é você.
Pra tudo que eu olho, você me vem: teto, Jade, cama, chão, eu no espelho, chave etc..
O que nos faltou foi a harmonia, que deu lugar à teimosia.
Mas, se até os acordes se resolvem, por que nossa consonância não volta?
Sei que a insegurança faz parte do amor. Mas não é possível que ela consiga matá-lo simples assim.
Também sei que vivemos procurando o mais certo entre todos os caminhos.

Não vamos desperdiçar essa chance que apareceu - até que enfim - pra nós dois. É agora ou nunca. Estaríamos nos negando a compartilhar a nossa derradeira? Será que não somos dignos? Será que não merecemos SER FELIZES JUNTOS?"

Não entendo os humanos direito, mas torço por eles dois: também sinto falta do cheiro dela.

Saudade

Senti muito a falta do meu pai. Ele me disse que é porque está dormindo na casa nova dele e vai me levar. Tô com muito frio também, meu pano azul não fica mais comigo. Quis caçar um ratinho pra aquecer, mas ele não aparece...

Remédio

Ontem meu pai me aplicou Frontline na nuca. Ele voltou só pra cuidar de mim porque viu um carrapato na minha barriga.
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Meu faro me diz que alguma coisa vai acontecer em breve.